Ode ao Novo
Tudo que somos é parte de tudo que fomos
daqui em diante só seremos o agora e o depois
sem a pretensa sensação de deixarmos pra trás
sutilezas e ranhuras de um caminho passado
Por linhas tortas e desmetrizadas
Faço proveito da licença poética que me desobriga
e levanto em louvor à novidade
que se balança como o pêndulo que move o mundo.
Engano pensar que o novo é preterível
a qualquer anti-idéia infanticida de resignação
O depois já tomou conta do antes
o novo um dia já foi velho
mesmo sem querer, o velho
acreditar num Mundo Novo
Ensina-me a tatear as paredes desse quarto escuro
mas não me ilumina, não me mostra desguarnecido
deixa meus pés sentirem a segurança do próximo passo
faz-me ciente de minha inconstância
Mundo Novo, que quando vejo já tem ido
perde logo o viço em favor de um novo rebento
Mundo Novo, sempre Novo
não me permita saber decerto onde nascerá o sol de amanhã
esmurra o ponteiro do meu Norte e deixa soprar o vento do acaso
Léo Castro
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