quinta-feira, 29 de abril de 2010

Poesia de Amor Pós-Contemporânea Experimental (Estrutura poética: Messenger)


Leitores da Feira Livre de Pensamentos, permitam-me experimentar uma viagem poética inspirada em um meio de comunicação muito utilizado na era da Internet, onde por incrível que pareça, surgem diariamente milhares de amores. Amores únicos que, apesar da distância física conseguem se fortalecer através de uma proximidade inexplicável.

  
- Ela diz:
que bom saber que faço parte das pessoas importantes da sua vida, no fundo acho que sempre tive essa certeza

- Ele diz:
claro que sim, menina encanto... menina fantasia...menina que brilha

- Ela diz:
menino, só tento ver a vida com olhos mais bonitos e não viver em vão. E pra q nunca se esqueça, também me faz sentir coisas incríveis..

- Ele diz:
mas não sou puro como vc, menina... sou das ruas... sou da malicia... não consigo ver o brilho no dia-a-dia...
sou volúvel e vulnerável, as vezes nem sou confiável...
Na verdade sou um homem bem complicado, menina
Sou apenas um cara muito estranho que fala através de um rompante de inspiração que vem não sei d´onde.

- Ela diz:
hahahaha
eu te entendendo, menino =)
e também me inspiro quando falo contigo!!

- Ele diz:
AMO VC, MENINA
é estranho, mas é encantador te amar daqui de longe
será que nos amaremos pra sempre a essa distancia?

- Ela diz:
hahaha acho q sim! =]

- Ele diz:
Será que existem outras pessoas no mundo com o mesmo "sei lá o que é isso que acontece entre a gente"?

- Ela diz:
o mundo é tão grande! Mesmo assim, de longe tão perto de mim mesma



- Ele diz:
o mundo é mesmo muito grande... mas a gente tb é tão raro... 
vc quase eu, eu quase vc

- Ela diz:
talvez sejamos mesmos únicos,o q nos torna seres especiais, que têm o mundo inteiro ao seu dispor

- Ele diz:
sendo assim, decreto que somos o único casal do mundo que tem "sei lá o que é isso que acontece entre a gente"
vc=eu, eu=vc

- Ela diz:
amo vc menino. e o que mais me encanta em ti é poder viver a poesia cotidiana...

- Ele diz:
ISSO MESMO, MENINA!
uma poesia que transita sublimemente entre a tua pureza e a minha obscuridade, nos transformando na poesia perfeita

menina, forma comigo a poesia perfeita?
me completa?

- Ela diz:
te completo menino =)

- Ele diz:
Tenho que ir
ótima noite pra ti. 
Te amo, menina que brilha

- Ela diz:
que seja doce pra nós! =)
 boa noite, menino
com todo meu amor.

Léo Castro, com a ajuda de alguém muito especial


domingo, 4 de abril de 2010

Mais uma homenagem


Já em vida, sempre tentei prestar homenagens àquele que considerei meu ídolo maior: meu avô José Valdo de Castro. Uma delas foi o texto postado nesse blog chamado 1+1=1. Outra homenagem foi uma ilustração também postada aqui. Mas além disso, não cansava de dizer a ele o quanto era importante pra mim em diversos momentos. Minha paciência para ouvir suas histórias (mesmo que algumas vezes ele as repetisse) minha admiração escancarada, meu choro compartilhado. Eu também adorava receber seus elogios, principalmente quando ele bebia sua sagrada cachacinha. Eu, meu irmão Juca e meu pai, muitas vezes comprávamos uma garrafa de pinga escondidos do resto da família. Mas ele adorava aquilo. Sua História lhe dava o direito de sair da realidade por alguns momentos e curtir uma embriaguez. Uma embriaguez que lhe fazia lembrar de sua linda História e querer compartilhar ainda mais com seus entes queridos. Em muitos desses momentos, ouvi palavras lindas de meu avô. Algumas direcionadas diretamente a mim. Coisas que nunca esquecerei. Outras direcionadas à todos que seguiram sua "cartilha".
José Valdo, tinha o dom da palavra. Em qualquer celebração em que seus entes queridos e admiradores estavam presentes, ouvia-se o coro: "Discursa, Zé Vardo". Ele não perdia tempo e logo roubava a cena com palavras que emocionavam a todos.
Por isso, farei uma homenagem ao grande José Valdo de Castro tentando representar o tom de seus discursos, muitas vezes repetitivos, mas que sempre continham a essência da verdade e da sabedoria que carregava aquele homem.
Peço permissão, meu avô.

"Moro no mundo, não sou vagabundo
Nasci assim, sou filho do Joaquim.
Caminhei nessa terra para cumprir uma missão
E sei que dessa terra parto com o dever cumprido.
E caminhar... é andar sobre o chão de barro,
cavalgar sobre estradas e ruas
carregando valores que nos foram passados por nossos entes queridos.
E carregar valores... não é julgar o ato do próximo
e sim tentar corrigir seus próprios atos
admitindo ter errado,
não uma, nem duas, mas muitas vezes.
E errar... é o impulso que nos faz lembrar
que nossa vida é compartilhada com muitas outras,
vidas que nos acompanham,
vidas que nos ensinam,
vidas que nos contemplam.
Aos meus filhos, netos e bisnetos,
digo que não tomem minha vida como exemplo,
mas sim minha História.
História que vivi,
História que escrevi,
História que discursei.
A vocês, entes queridos
que poderão, e deverão continuar essa História
deixei-lhes uma cartilha.
E seguir essa cartilha.... garanto a todos
não é ter a felicidade plena,
mas é saber como procurá-la,
seguindo os passos de um Homem
cuja vida foi vivida intensamente.
Aos meus filhos e netos,
espero que sejam gratos aos meus ensinamentos,
assim como sou grato ao carinho e atenção de todos vocês.

Sou uma besta comum? ou qualquer coisa?
Me digam..."


Eu respondo, meu querido avô. Fostes uma besta de genialidade e sabedoria. Se depender de mim, tua História nunca morrerá. Estarás para sempre no coração e na mente dos que estudaram em tua cartilha. Estarás para sempre na História. História com H maiúsculo. Serás sempre digno de todas as honras e homenagens que a ti fizeram, porque teu legado é grandioso. Com tua partida, nós, filhos e netos, que ficamos na Terra saudosos de tua ilustre presença, soubemos que o único caminho é a nossa harmonia. Saberemos perdoar uns aos outros. Tentaremos dividir o que nos ensinaste. Sempre buscando a felicidade.
Tua falta será sentida eternamente, mas tua sabedoria nunca nos faltará.
Olhai por nós, meu querido avô. Olhai por tua querida esposa. Tua eterna companheira Nina. Aquela guerreira que nunca fraquejou diante das dificuldades, e que faz de tudo para amenizar o sofrimento daqueles que ama. Olhai por teus filhos e netos. Olhai por todos os que te amam, meu sábio ancião.

No momento em que escrevo essa homenagem acontece a missa de sétimo dia de falecimento de meu avô José Valdo de Castro. Não compareci à missa, mas mesmo cansado de uma noite intensa de trabalho, me senti obrigado por uma inspiração maior a escrever esse texto. 

Bença, Vô.

Léo Castro (um dos que estudou na cartilha do Homem)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

As últimas horas

Foi bom ter vivido para ficar na História - disse o Homem. A vida já se ia. O coração já batia em um ritmo acelerado, sentindo-se culpado por não estar cumprindo direito sua função de levar oxigênio para o resto do corpo. Mas a culpa não era dele. Era o pulmão que não mais trabalhava como deveria. Assim disse o Homem suas últimas palavras em total lucidez. Enquanto o neto do Homem tentava acalmá-lo, segurando sua mão e transmitindo tranquilidade em sua fala e em seu toque. Mas por dentro, o neto do Homem estava desesperado. O Homem sempre fora muito lúcido. Por que haveria de começar a delirar?. Os enfermeiros não podiam ajudar. Pediram que o neto tentasse ignorar os apelos do avô, para que ele desistisse e tentasse relaxar. Mas como ignorar o apelo daquele que o ensinou quase tudo na vida? "Me ajuda, meu neto. Estou passando mal. Me leva pra cama. Desamarra meus pés." Tentava acalmá-lo participando de seus delírios. Era só o que podia fazer. A voz, que há algumas horas nem saia, voltava mais forte a cada vez que o Homem clamava pela ajuda do neto. Era a "melhora da morte". Quando cansava de pedir ajuda, seguiam-se minutos de serenidade. Eram os minutos em que o neto segurava a mão direita do Homem e chorava um choro de gratidão. Ao mesmo tempo pedia perdão pela incapacidade de ajudá-lo naquele momento de dor.
Chegou a manhã, depois de uma noite inteira sem fechar os olhos. O neto, por fim, atordoado pela noite em claro, acabou deixando o quarto do hospital sem se despedir do Homem. Arrependeu-se depois. Mas sabia que já havia se despedido no começo da noite anterior, enquanto o Homem ainda era lúcido. Enquanto tentava confortar a dor do avô, dizendo que sua missão já havia sido cumprida, que sua história já estava escrita na eternidade. O que restava era viver seus últimos dias de vida com dignidade. O neto não sabia que seriam as útlimas horas. O Homem sabia. Por isso disse a frase que abriu esse relato: "Foi bom ter vivido para ficar na História".

"Vai com Deus, meu Ídolo, meu Herói"
Léo Castro
ao querido avô José Valdo de Castro
25/05/1925 - 29/03/2010