Hoje, quando penso naquele tempo, uma imagem insiste em voltar: a casa. Ela me aparece como um lugar, mas também como uma ideia – uma memória que carrego com uma saudade que nunca soube direito onde guardar.
Naquela época, nós éramos tudo o que uma casa grande poderia suportar: juventude cheia de planos e aquele sentimento meio inconsequente de que o mundo nos pertencia. Piscina, churrasqueira, quatro quartos e um quintal vasto; paraíso montado com o entusiasmo dos que acham que o futuro é só uma continuidade daquilo que estão vivendo agora. Ali, tínhamos de tudo, menos pressa. Éramos cinco, depois seis, e finalmente sete, numa república que improvisamos em sintonia e desacertos, encaixando nossos dias naquelas paredes como quem aprende a viver em conjunto pela primeira vez.
Olhando de volta, vejo que não éramos só jovens morando juntos. Éramos como uma orquestra desajeitada, onde cada um ocupava seu espaço num tipo de harmonia inventada. E essa sinfonia, naquela casa, foi nossa obra prima — simples, mas impossível de repetir.
Com o tempo, a vida pediu outras coisas. Houve quem sentisse que aquela abundância de risos e as noites que se estendiam estavam exigindo mais do que podíamos dar. Saímos daquela casa para tentar um novo rumo, como quem troca de pele sem saber direito o que vai encontrar do outro lado. Criamos novas versões de nós mesmos em outras casas, com outros nomes, mas, no fundo, cada um de nós sabia que aquele lugar continuava ali, como uma página de livro que a gente não quer virar.
Dois anos depois, a chance de voltar apareceu como um segredo sussurrado. E, claro, voltamos. Mais velhos, um pouco mais cansados, mas com aquela mesma saudade inquieta que a vida adulta não conseguiu roubar. Ali, fizemos uma segunda casa, sabendo que era o fim de uma era, mas aproveitando cada instante, porque tínhamos aprendido que o lar não é só o espaço; é o tempo que você divide com as pessoas certas.
Agora, aos 40, entendo que aquela casa não era apenas o que ficou para trás. Ela é o que levo comigo, o que se espalhou dentro de mim e nunca mais saiu.
[Esse texto foi escrito pelo Chat.GPT]